A completa distorção do “olimpismo”…

Somos um país democrático e livre. Fato.

Por isso, cada um pode pensar, falar e escrever o que bem entender… Contudo, da mesma forma, me sinto “livre” para discordar de certas opiniões.

Inclusive, tem um ditado que diz: “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”.

Passando rapidamente pela timeline do meu facebook, me deparei com um amigo curtindo um texto de um tal de “Rica Perrone”. Não conheço o sujeito. Não sei o que faz e nem qual a experiência dele. Contudo, pela leitura do texto em questão, não me interessa nem um pouco saber de quem se trata.

De qualquer forma, seguindo a linha da “liberdade de expressão”, fico à vontade para discordar e rebater as afirmações dele. Pra mim, uma sucessão de absurdos. Mas… cada um pensa como quiser, e é justamente por isso que estou expressando o que eu penso.

Por pior que seja o texto (na MINHA opinião), sugiro a leitura antecipada do mesmo, afim de que os leitores do blog entendam o que quero dizer nesse post.

http://www.ricaperrone.com.br/neymar-e-moleque/

Primeiramente, o senhor “Rica” diz que respeita quem “compara as reações dos vencedores olímpicos”, mas os xinga de burros e diz que isso é como câncer (???).  Sim amigo leitor, até agora estou tentando entender essa medíocre analogia.

Depois ele parte de um pressuposto de que o Futebol é o esporte olímpico “mais importante”, e que ser o “capitão da seleção brasileira” seria o suprassumo do olimpo, e nada se compararia à isso.

Bom, para a informação do senhor Perrone, o COI possui sim um “hierarquia” de desportos olímpicos, e pasmem, o Futebol não está nem no Top 10, sendo que o Atletismo é o esporte que encabeça a lista.

Não obstante, desmereceu expressamente (e erroneamente) qualquer outro atleta olímpico do Brasil e do mundo, pois foi categórico ao afirmar que

“nenhum deles (atletas olímpicos) tem a importância de um jogador de futebol da seleção brasileira (…)”.

Certo, certo. Phelps e Bolt não tem nenhuma importância frente aos jogadores da seleção “canarinho”. Dois atletas que mudaram a história do esporte no MUNDO pra SEMPRE, não são nada. Jogar futebol na seleção do Brasil é muito mais extraordinário do que ganhar 28 medalhas olímpicas… né?! (???)

Pra falar a verdade, até agora estou com dificuldades de engolir essa afirmação. Será que ele viu alguma coisa dos Jogos Rio 2016 além do Futebol?

Em ato contínuo, ele afirmar que Neymar “só mandou o torcedor tomar do cú”, justificando que os torcedores já mandaram ele pra aquele lugar em inúmeras oportunidades. Não satisfeito, deixa à entender que ele poderia até mesmo bater no torcedor, que isso seria “compreensível”.

Peraí, eu li direito? Ele “só” xingou o torcedor? Bom, pelo menos da educação que recebi dos meus pais, nada justifica ofender outra pessoa.

Então ele afirma: “Por que você acha que um ídolo tem que ser como você espera que ele seja”. Não. Na verdade não espero nada do Neymar, primeiro porque ele não é meu ídolo, segundo, caso ele fosse, esperaria que fosse ao menos educado. Ignora o cara e vaza. Eu já fui chamado de várias coisas ruins na minha carreira esportiva (inclusive de mercenário quando nadei por outro município que não Joinville), e por mais “cabeça quente que sou”, nunca olhei de volta e retruquei essas “ofensas”.

Ainda mais quando estamos nos referindo à um atleta “olímpico”, que tem a OBRIGAÇÃO (e a função social) de passar um bom exemplo, pois ele é espelho para várias crianças no mundo todo. Agora, se o atleta não tem controle emocional para “segurar” seu ímpeto, já está na hora de a CBF oferecer um terapeuta para ele, afinal, grana pra isso não falta.

Aliás, chamar quem recebia R$3.000,00 por mês de mercenário, denota um pouco contrassenso em contrapartida a qualquer jogador de futebol que ganha, no mínimo, dez vezes mais que isso. Mas essa questão fica pra outro post.

Na sequência, o jornalista ainda escreve que: “Neymar é Neymar e não o cara que você não escolheu pra capitão do time”. Bom, que eu saiba, ele ganha MUITO dinheiro para fazer o que faz, de forma que é o trabalho dele. Pressão é parte do ofício. Nesses jogos, vi outros atletas sofrerem MUITO mais pressão, ganhando MUITO menos grana, e nem por isso agiram de maneira impolida.

Seguindo os absurdos, ele parte da suposição que Neymar “nos deu a medalha que ninguém tinha nos dado”. Então ele taxativamente desmerece todos os outros 17 jogadores que faziam parte do time, inclusive o goleiro Weverton, que na minha opinião foi muito mais importante naquela final do que o próprio Neymar. Mas enfim…

Por fim, ele ironicamente desmerece os ensinamentos bíblicos de Jesus Cristo, ao afirmar que prefere o Neymar à uma pessoa que tenha a humildade de apanhar e dar a outra face:

“Que tipo de pessoa você é? O que apanha e dá a outra face? Porque se for, me perdoe, mas prefiro o Neymar (…)”

Sim amigos, acreditem, ele realmente escreveu isso!!!

E é por essas e outras que definitivamente nós não somos olímpicos. Pois o camarada já tinha mais de uma centena de curtidas e compartilhamentos.

Viva a “pátria de chuteiras”. Tudo se justifica ao colocar uma bola dentro do gol.

UM ABRAÇO.

FISCHER.

p.s.: no momento do ocorrido, Neymar usava uma faixa: “100% Jesus”. Mas e a lição de dar a outra cara à tapa???

About Eduardo Fischer

Eduardo Fischer é catarinense e natural de Joinville. Ex-Atleta Olímpico de natação da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial de Moscou, Fischer defendeu o país em dois Jogos Olímpicos (Sydney/2000 e Atenas/2004), 6 Campeonatos Mundiais e 1 Pan-Americano (Prata e Bronze). Bacharel em Direito e Advogado pela OAB/SC, Eduardo é especialista em Direito Empresarial pela PUC/PR e em Direito Tributário pela LFG/SP. Atualmente aposentado das piscinas, trabalha com Consultoria Tributária em um respeitado escritório de Advocacia (CMMR Advogados).

12 thoughts on “A completa distorção do “olimpismo”…

  1. Realmente. Quando crítico Neymar, caem em cima de mim, com as respostas padrão: dor-de-cotovelo, por que não vou lá então é viro craque da seleção, etc…

    Mas pra mim, pra ele ser bom, precisa saber ser isso dentro e fora do campo. Dentro de campo não está aquelas maravilhas, mas continua bom. Agora, fora de campo, quase sempre foi ruim.

    Muito bom seu texto, bastante sensato, e com a visão de quem entende mais desse mundo do que os comentaristas de plantão no Facebook. Parabéns!

    1. Olá Fernando. Obrigado pelo seu comentário.

      Contudo, não faço uma crítica exclusiva ao Neymar (apenas de ele ser o cerne do texto). A crítica vai também às pessoas que acham que o futebol (e os gols), justificam qualquer coisa: falta de educação, desperdício de dinheiro, esquecimento do esporte amador, etc.

      Escrevi o texto pois me indignei com a seguinte expressão do tal do “expert” Rica Perrone: “nenhum deles (atletas olímpicos) tem a importância de um jogador de futebol da seleção brasileira (…)”.

      Essa frase foi uma das mais ABSURDAS e IDIOTAS que eu já li na minha vida esportiva…

      Enfim, seguimos em frente, por um esporte (não só futebol) de melhor qualidade (dentro e fora dos campos)

      1. Fácil é vc julgar aquele que coloca a faixa, mas estar ali na pele dele não queria estar quando tudo estava se desabando, único que pernabece conosco e Jesus, e Neymar não é Jesus e sim um filho, que estava sobre críticas de um país, que no qual o julgava e o chingava, mas permaneceu e Jesus lhe deu a vitória é isso que ele faz com aqueles com quem o adora, satanas vai atingir quem busca a Deus, porque muitos jogadores não fazem nada pois não são perseguidos, pois não levam a Cruz de Jesus Cristo, esse jovem tirou um fardo de suas costas e aqueles que falaram mal dele hoje aplaudi, pois ele é um atleta que faz a diferença, entre os outros, quando um atleta americano perde, a equipe o país dão aplausos, porque são unidos nas vitórias e nas derrotas, não pense que a vitória é continua, Deus lhe permite o Deserto como aprendizado para tornar um campeão!!!! Amém o próximo não ninguém , é tempo de amadurecimento.

        1. Paulo…Em nenhum momento durante o texto estou me referindo à Religião (ou crença).

          Apenas discordei das afirmações do “colunista” Rica Perrone, que alegou que o Neymar é mais importante do que qualquer outro atleta. Aliás, quem colocou em xeque os “ensinamentos de cristo”, foi ele, dizendo que não gosta de pessoas que dão a outra face.

          Ademais, pressão, cobrança e o fato de “todo mundo xingar”, são questões inerentes ao ofício dele: Jogador de Futebol.

          Continuo achando que ele foi mal educado, e que não deveria ter feito o que fez.

          A crença ou religião dele pouco me importa, pois isso é uma decisão dele (e de cada um de nós) e eu (ou ninguém) tem nada com isso.

          Obrigado pelo comentário, debater os assuntos é sempre muito válido.

  2. Respeito a sua “réplica” ao post e é assim que tem que ser. Precisamos debater sim! Mas pegar o trecho: “Que tipo de pessoa você é? O que apanha e dá a outra face? Porque se for, me perdoe, mas prefiro o Neymar (…)” e interpretar da maneira que convinha ao seu raciocínio não faz disso a interpretação real da coisa. Eu mesmo, por exemplo, que acompanho o Perrone e já tinha lido esse texto, não interpretei dessa maneira. Contudo, parabéns (pelo trabalho no blog, conheci agora) e sucesso! Abraço.

    1. Obrigado pelo comentário Rafael.

      Na verdade eu não interpretei como melhor me conviesse, interpretei do jeito que eu entendi mesmo.

      Mas ainda que haja interpretação diversa, essa nem foi a “pior” frase do texto dele. Há uma muito mais grave quando ele diz: “nenhum deles (atletas olímpicos) tem a importância de um jogador de futebol da seleção brasileira (…)”.

      Nessa, temos que concordar que não existe outra interpretação, e por isso fiquei abismado com o texto.

      Data vênia qualquer entendimento ou interpretação, na MINHA opinião, essa afirmação tratou-se de uma “heresia” e um desrespeito aos atletas olímpicos do Brasil.

      Mas enfim, como diria Mário Cortella: “(…)desconfie das pessoas que concordam em tudo com você, pois esses serão as primeiras a lhe passar a perna quando puderem.”

      Abraço!

  3. Parabéns pelo texto. Enquanto continuarmos “endeusando” os jogadores de futebol teremos como resultado o que tivemos na última copa!!! Um bando de jogadores de salto alto.
    Concordo que um atleta deve ser um exemplo e até posso entender uma reação mas exaltada mas nem por isso devemos aplaudi-la.
    Esqueceram do goleiro!! A medalha é do time e não só do Neymar!
    Como exemplo de time e de comportamento temos a turma do voley masculino que também ganhou medalha de ouro!
    A faixa de 100% Jesus soa até como deboche!!
    Márcia Magalhães

    1. Obrigado Márcia.

      Sem dúvida temos outros melhores exemplos na Rio 2016.

      Como você bem lembrou, o Volei. Além da Rafaela do Judô (que veio de uma comunidade pobre), do Izaquias da Canoagem (que é prova de superação) e do Felipe do Tiro (que treinava em um stand improvisado nos fundos de casa).

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