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O dinheiro da natação e a ditadura olímpica

Eduardo Fischer,

Tu não és “louco”, como sugeres nas últimas linhas de tua mensagem.

E não és o único a enxergar o lado perverso do esporte.

É que poucos se animam a enfrentar a ditadura da cartolagem que se perpetua no poder.

Cartolas que usam o dinheiro do governo para cumprir suas agendas, mas se negam prestar contas públicas aos que sustentam o sistema, todos nós.

Patrocínios da CBDA:

R$ 10,0 milhões em 2010, segundo a acessoria da ECT

R$ 2,5 milhões – das loterias, repassados pelo COB

R$ 6,4 milhões – Lei de Incentivo ao Esporte (2008/2010)*

*Desse total a CBDA já captou R$ 2,7 milhões.

Total disponível em 2010: R$ 15,2 milhões,

Mais o patrocínio da Gol Linhas Aéreas, que deve pagar com passagens, ou seja economizando no orçamento da CBDA.

Democracia

Como um atleta de nível internacional tem negado o direito de conhecer os critérios que a sua confederação aplica para financiar os competidores?

Ora, é próprio do esporte o diálogo em todos os níveis.

Principalmente porque os dirigentes, em geral, difundem a idéia de que “esporte é eficiente ferramenta para a educação”… ou “contribui para fortalecer a democracia”.

Temos isso?

Citando Millôr Fernandes: “Na teoria a prática é outra”

Mandatos

Coaracy Nunes está no poder há 22 anos. É o segundo na hierarquia dos cartolas, atrás de Roberto Gesta de Melo, 23 anos no comando do atletismo.

Até Ricardo Teixeira, do Futebol, está abaixo da dupla, 21 anos à frente da CBF.

Eu acreditei

Em 2000, entrevistei o presidente Coaracy Nunes em Camberra, onde a delegação brasileira fazia adaptação para os Jogos de Sydney.

Ele declarou que em 2004 se afastaria do comando da CBDA. E apresentou seu sucessor, Gustavo Borges, olho no olho, pois o nadador estava ao seu lado.

Uma década depois, continuamos na mesma, sem renovação no comando da CBDA. Gustavo Borges tomou outros rumos.

Essas perpetuações são péssimas para o esporte.

Por melhor que seja um dirigente, é próprio da democracia a renovação periódica em todos os cargos.

É um ato saudável que oxigena gestões viciadas.

Puxão de orelhas

O Presidente Lula, inclusive, já deu um puxão de orelhas na cartolagem sugerindo que sigam o exemplo do Executivo, onde é permitida apenas uma reeleição.

Há um projeto de lei na Câmara dos Deputados que institui esses oito anos de mandato para entidades que recebam verbas públicas. É o caso de todo o esporte olímpico e paraolímpico.

Finalmente

Nossos atletas ignoram o poder que têm, pois são indispensáveis em qualquer modalidade. Sem eles não há competição e sem competição não teremos dirigentes.

Logo, a cartolagem deve, sim, explicações, e muito claras, sobre os seus atos critérios no uso dos recursos públicos.

Nos anos 90, tivemos o Conselho Nacional de Esportes, liderado por Lars Grael. O grupo se reunia em Brasília, com passagens e alimentações pagas pelo Ministério do Esporte.

Lars sugeriu uma, duas, três vezes que o Conselho se emancipasse do poder ministerial. Com isso, teria mais liberdade e isenção para apresentar suas críticas e propostas.

O grupo recuou, perdeu a força, silenciou, acabou.

Sobraram vozes isoladas, como a de Eduardo Fischer.

Continue,Eduardo, pois estás defendo o teu direito como cidadão, inicialmente, e como atleta, em geral.

O espaço, aqui, está disponível para divulgar o seu trabalho pela democratização do esporte.

About Eduardo Fischer

Eduardo Fischer é catarinense e natural de Joinville. Ex-Atleta Olímpico de natação da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial de Moscou, Fischer defendeu o país em dois Jogos Olímpicos (Sydney/2000 e Atenas/2004), 6 Campeonatos Mundiais e 1 Pan-Americano (Prata e Bronze). Bacharel em Direito e Advogado pela OAB/SC, Eduardo é especialista em Direito Empresarial pela PUC/PR e em Direito Tributário pela LFG/SP. Atualmente aposentado das piscinas, trabalha com Consultoria Tributária em um respeitado escritório de Advocacia (CMMR Advogados).

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