SEMI-FINAIS NO ML…

A princípio, eu havia achado uma decisão correta…

Mas após ler o texto do Daniel Takata, fiz uma reflexão e me vejo obrigado a concordar com ele.

Essa foi a análise de Daniel Takata em seu Blog:

A CBDA confirmou essa semana que o Troféu Maria Lenk deste ano será realizado na piscina da Unisanta, em Santos. Será a primeira vez, desde que o parque aquático Maria Lenk foi inaugurado em 2007, que a competição não será realizada no Rio de Janeiro. Essa decisão tem dado muito o que falar, principalmente entre atletas e técnicos, devido ao fato da Unisanta não apresentar uma estrutura adequada para esse tipo de competição, seletiva para o Pan-Pacífico, a principal competição internacional que o Brasil irá disputar este ano.

Reclamações, aliás, que procedem. O Finkel de 2003 foi realizado lá e mesmo sem ser seletiva para nada (na verdade era uma das primeiras competições válidas para tentativa de índice olímpico para 2004, e obviamente nenhum nadador conseguiu alcançar) já foi alvo na época de vários protestos. Sem dúvida foi uma decisão política sem pensar nos nadadores, o que já nos acostumamos a ver nos últimos anos (com todo respeito, não dá para realizar competições importantes em Brasília e Minas Gerais, como já foi feito).

Mas o principal assunto deste post é outro. Uma outra mudança que ninguém comentou muito foi a introdução de semifinais no Maria Lenk nas provas de 50m e 100m. Isso trouxe como consequência o aumento em um dia da competição (agora serão intermináveis sete dias!).

E eu pergunto: para quê isso?

Ninguém se lembra do fiasco de disputa de semifinais no Pan de 2007? As semifinais no Brasil não representarão atrativo nenhum para a mídia, muito menos para os nadadores que terão que se desgastar mais (e logicamente os nadadores top irão nadar muito tranquilamente as semifinais, apenas para obter classificação, e com isso nada de recordes em semifinais que estamos acostumados a ver em competições internacionais).

Alguém pode argumentar que “é bom o Brasil se adequar ao padrão das competições internacionais para que os atletas não cheguem lá despreparados”. Apenas uma competição com semifinais não irá trazer esse preparo aos nadadores. Isso será conseguido nos treinamentos. Além disso, a maior potência da natação mundial, os Estados Unidos, sempre realizam seus campeonatos nacionais sem disputa de semifinais, apenas com eliminatórias e finais. Alguém diria que os nadadores de lá sentem falta das semis? Apenas em anos olímpicos a seletiva olímpica é disputada nos mesmos moldes da Olimpíada, ou seja, uma competição em quatro anos.

Alguns países, como Austrália, adotam o sistema com semifinais em todos os seus nacionais absolutos. Mas não tem nem como comparar. Veja abaixo o número de atletas que disputaram cada prova de 100m no último Troféu Maria Lenk, no último campeonato australiano e na seletiva olímpica americana de 2008:

Maria Lenk 2008
100 livre fem: 32
100 livre masc: 26
100 borbo fem: 22
100 borbo masc: 25
100 costas fem: 19
100 costas masc: 30
100 peito fem: 23
100 peito masc: 21

Campeonato Australiano 2009
100 livre fem: 75
100 livre masc: 67
100 borbo fem: 54
100 borbo masc: 57
100 costas fem: 62
100 costas masc: 58
100 peito fem: 54
100 peito masc: 60

Seletiva Olímpica Americana 2008
100 livre masc: 118
100 livre fem: 99
100 borbo masc: 105
100 borbo fem: 137
100 costas masc: 81
100 costas fem: 121
100 peito masc: 76
100 peito fem: 105

Notem a discrepância do número de atletas. A Austrália e os Estados Unidos têm número suficiente de nadadores que justifica fazer uma seleção de 16 e depois outra de 8. O Brasil não tem!

Sinceramente, não sei a real razão dessa novidade. A única razoável seria dar mais uma chance para os atletas conseguirem índices para competições internacionais. O que é injusto, pois apenas os nadadores de 50m e 100m terão essa oportunidade. Se é para atrair espectadores para as transmissões do SporTV, esqueça: não veremos ninguém chegar perto de recordes em semifinais.

Uma sugestão: esqueçam as semifinais e continuem com finais A e B. Coloquem as finais B para o início das etapas, e comecem as transmissões apenas quando iniciarem as finais A. Assim, vocês conseguirão prender os telespectadores. Do jeito que está, nem eu consigo assistir uma etapa por completo. Com semifinais, isso só tende a piorar.

UM ABRAÇO!

FISCHER.

About Eduardo Fischer

Eduardo Fischer é catarinense e natural de Joinville. Ex-Atleta Olímpico de natação da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial de Moscou, Fischer defendeu o país em dois Jogos Olímpicos (Sydney/2000 e Atenas/2004), 6 Campeonatos Mundiais e 1 Pan-Americano (Prata e Bronze). Bacharel em Direito e Advogado pela OAB/SC, Eduardo é especialista em Direito Empresarial pela PUC/PR e em Direito Tributário pela LFG/SP. Atualmente aposentado das piscinas, trabalha com Consultoria Tributária em um respeitado escritório de Advocacia (CMMR Advogados).

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