A CDBA E SEUS “CRITÉRIOS”…

Não sei se é de conhecimento de todos que aqui visitam, que a CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos) tem um grande patrocinador: A EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, que doravante chamaremos apenas por CORREIOS. Esse patrocínio é mantido de há muito tempo e, representa a principal fonte de arrecadação da entidade em apreço.

Essa “parceria” vem ocorrendo mediante a renovação anual, quando os CORREIOS repassam à CBDA uma quantia importante para o custeio dos esportes aquáticos em vários aspectos, incluindo competições e treinamentos.

Esse ano, segundo fontes dignas de crédito, o patrocínio foi da ordem de 5 (cinco) milhões de reais. Uma quantia bastante interessante e importante.

Tal valor serve, também, para o pagamento de uma ajuda de custo mensal aos atletas da seleção principal. Esse auxílio pecuniário – diga-se passagem, sempre mantido sob rigoroso sigilo pela CBDA – foi repassada a nossa pessoa em diversas oportunidades, ante a convocação para integrar a seleção principal do Brasil.

O que causa espécie e, razão primordial para nossa indignação, é que o critério adotado era de agraciar a TODOS os atletas convocados para a seleção da principal competição do ano. Quer dizer, que os selecionados que integravam a seleção nacional recebiam o incentivo. Tratava-se, sem dúvida de idéia inteligente, afinal, o atleta se empenha e batalha para alcançar a convocação. Assim, nada mais justo do que premiar todos os nadadores pelo objetivo alcançado.

Para esse ano de 2010, a PRINCIPAL COMPETIÇÃO foi Torneio o Pan-Pacífico. Fomos integrantes da seleção que competiu na Califórnia (Estados Unidos), em agosto próximo passado.

O problema é que fomos sabedores que alguns atletas já receberam seus contratos e suas ajudas de custo – 8 atletas apenas – onde não estávamos incluídos. Então resolvi questionar o presidente da CBDA sobre o assunto. E a resposta foi essa: “ Quem tinha que ganhar já ganhou. Você não vai ganhar nada. O critério que nós nos baseamos não inclui você e alguns outros atletas”.

Diante da incisiva resposta do mandatário máximo da CBDA, questionamos a respeito do critério sempre utilizado: convocação. Como resposta – nem sempre diplomática – foi de que não era mais esse. Insistimos para saber onde estavam detalhados os critérios, e o Senhor Presidente disse que foi uma decisão interna sobre o índice técnico.

Causa estranheza, da mesma forma, sabermos que essa “lista” de atletas e prováveis índices técnicos, nunca é publicada. Mantém-se sempre em sigilo máximo. E sabemos que alguns atletas que tem melhor índices que outros, acabam por não receber tal auxílio. Por qual motivo nossa confederação não publica os critérios e os nomes dos atletas agraciados, afinal, a verba de onde provém a ajuda de custo É PÚBLICO.

Ora, é de se questionar: Será que dos 24 convocados para o Pan-Pacífico, apenas “meia-dúzia” merece a ajuda de custo? Quando a Presidência da CBDA diz que nós e alguns outros não se encaixam nos “critérios”, está se referindo a GRANDE MAIORIA da seleção, composta de 24 atletas. Será que os 5 milhões não são suficientes para prestar ajuda a todos?! Será que o Presidente dos Correios sabe que apenas “meia-duzia” recebe essa ajuda? Que critérios são esses???

Nosso desabafo se faz necessário, eu servi ao meu País e a minha Confederação (CBDA) em 2 Olimpíadas, 6 Campeonatos mundiais, mais de 20 etapas de Copas do Mundo, 5 Campeonatos Sul-Americanos, 1 pan-americano, entre outros, e ser tratado com essa indiferença e descaso, deixa-me profundamente indignado e desamparado. Queria poder disputar uma vaga em Londres 2012, será que terei condições?!

Será que somente nossa pessoa entende que está errado? Lembra-me a frase do príncipe ao retornar a casa: “Algo está podre no reino da Dinamarca.” (Shakespeare na peça Hamlet).

Em 2006 me machuquei. Venci uma lesão séria, e depois de 2 anos fora da seleção principal, retorno para a mesma em um ano que a natação está em alta e mesmo assim sou ignorado pela minha confederação e deixado de lado! Assim como muitos outros companheiros, somos deixados de lado pois não nos encaixamos nos critérios por eles definidos… Isso está correto?!

Essa é a postura de um país que vai sediar um Jogos Olímpicos deve tomar?!

Na mesma posição que a minha, existem outros. Mais jovens. Com 21 ou 22 anos. Que em 2016 estarão com 26 ou 27, prontos para disputar uma final… Mas com essa “política” será que eles obterão êxito???

Fica aqui o meu alerta sobre quem está com as rédeas do esporte em nosso país. Onde o melhor nadador brasileiro – Cesar Cielo – chegou a um pódio olímpico sem a ajuda de sua confederação. E não sou eu quem diz isso. O Cesão foi quem disse ao voltar de Pequim 2008.

Está na hora de mudar! Está na hora de uma intervenção… Pode parecer que estamos loucos e insanos, será que somente nós enxergamos isso? Nossa voz parece única manifestando o inconformismo. Apelamos para aqueles que concordem que se manifestem!

Em 2016 teremos as Olimpíadas aqui no Brasil, se não mudar… não adianta chorar depois.

UM ABRAÇO!

FISCHER.

About Eduardo Fischer

Eduardo Fischer é catarinense e natural de Joinville. Ex-Atleta Olímpico de natação da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial de Moscou, Fischer defendeu o país em dois Jogos Olímpicos (Sydney/2000 e Atenas/2004), 6 Campeonatos Mundiais e 1 Pan-Americano (Prata e Bronze). Bacharel em Direito e Advogado pela OAB/SC, Eduardo é especialista em Direito Empresarial pela PUC/PR e em Direito Tributário pela LFG/SP. Atualmente aposentado das piscinas, trabalha com Consultoria Tributária em um respeitado escritório de Advocacia (CMMR Advogados).

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